A Caixa Negra
Em Portugal, gestão de projectos e processos é, de uma maneira geral, adequadamente, planeada, mas menos bem executada. Será que se trata de ausência de ferramentas eficazes de controle? Será falta de formação dos controladores que continuam a usar métodos recônditos e datados para o fazer? Senão, como se explicam os recentes desvarios orçamentais que têm sido descobertos? Ou os buracos financeiros em instituições públicas e privadas?
Que ferramentas se usavam (ou não), nessas instituições? E, se não usavam, porque foram adquiridas? Ou será que, como é hábito, ninguém sabia de nada? Porque que se continuam a usar ferramentas redutoras e individuais como folhas de cálculo (papel eléctrico), para armazenar cruzar e consolidar dados de enorme responsabilidade onde se podem manipular números facilmente e sem deixar rasto...
Sistemas de informação eficientes têm de ser flexíveis onde é necessário, mas rígidos sempre que é preciso. Podem, facilmente, tomar conta de projectos e, assim, substituir as folhas de cálculo. Podem monitorizar e chamar os auditores ou responsáveis quando algo invulgar se materializa. E, no caso de incidentes ou desvios, devem ter funcionalidades capazes de ter nos mostrar onde e quando aconteceu o problema e a responsabilidade do mesmo, se aplicável.
Tal como um piloto automático num avião é capaz de manter uma rota e altitude, um sistema pode não deixar um projecto sair dos limites definidos sem autorização especial. Se ela for dada, serão registadas todas as acções e transacções na “caixa negra” do sistema.
Passaria a poder ser muito mais fácil e rápido apurar responsabilidades sobre perdas e desperdícios de milhões de euros....
Luis Calçada
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